Um campo lindo, verdinho, grama baixa, e, pela chuva de antes, formavam-se poças d'água. Brincavam por ali algumas crianças, e eu as observava absorta.
Pulavam nas poças, sujando-se de lama, sorrindo, gritando, gargalhando na sua diversão tão eufórica e docemente inocente.
Mas uma daquelas crianças me chamou mais atenção: era uma garotinha bem pequenininha, cabelos volumosos envoltos numa fita azul, branco vestidinho contrastando com o marrom caramelado de sua pele.
Ela era a única quietinha, sentada no chão desleixadamente, olhos grandes e negros concentrados na poça à sua frente. Vez ou outra abafava risinhos com as mãozinhas pequenas tapando a boca. Fiquei muito curiosa em saber o motivo de toda aquela atenção, toda aquela alegria transbordante.
Caminhei debaixo daquela imensidão azul, clara que era o céu, até onde estava a garotinha.
Perguntei:
-Por que você não brinca com as outras crianças
Ela sorriu o sorriso mais lindo, mais puro que já vi, puxou-me pelas mãos, levando minha atenção à misteriosa poça. Apontou-a com o dedinho gorgucho e falou:
-Olha. Vê como parece que o céu parece tá aqui no chão! E os passarinhos voando parecem peixinhos...
Acordei no meio da noite, com aquela vozsinha ainda ressoando na minha mente e sentindo a presença de Deus tão mais próxima a mim. Aquela felicidade palpitante e repentina...